segunda-feira, 4 de maio de 2009

Nada a declarar

Por Lucas Colombo

Ao entrarmos em nossa sala de aula a professora disparou:-Escrevam uma crônica e me entreguem no final da aula.Como era de se esperar ficamos apreensivos, no meu caso, por não saber o que falar. Pensei, escrevi, apaguei, escrevi novamente, e nada. Passaram-se as horas, os minutos e a hora de partir estava se aproximando. De repente, como a última alternativa, ou a última mulher do baile, pulou em meu colo uma ideia: “Vou falar sobre a falta do que falar”, ou melhor, sobre a falta de assunto que nos assola. Falo aqui de ASSUNTO, não da mulher, ou homem, com o qual você saiu no final de semana, nem do que fez, ou vai fazer, falo aqui de filosofia, traduzindo: questionamentos que realmente façam efeito e nos obriguem a usar a mente.

Discutir parece uma palavra abominável, pois sempre está relacionada aquele famoso clichê: “ Amor, acho que precisamos discutir nossa relação”. Mas não é só relação que pode se discutir. Encontro muitas pessoas durante meu dia e nada passa de um singelo olá, ou de um como vai. Tudo bem, todos temos nossos compromissos. Mas mesmo quando sento para conversar com alguém, nenhum de nós rompe a barreira do EU. Eu fiz. Eu vou fazer. Eu vi. Eu ouvi. “EU, EU, EU”. Não temos mais o que falar, ou simplesmente não queremos conversar, para não pensarmos?

Pensar, outra palavra monstro de nossa existência. Creio que a palavra mais apreciada dos nossos tempos seja mesmo a diversão. Bom, vou me concentrar, prometo, deixo isso para outra crônica. O fato é que, salvo alguns, ninguém se propõe a um embate sobre política, por exemplo.

Ao ouvir esta palavra, política, muitos pensariam: “Que coisa chata”. Chata ou não, faz parte de nossa vida, melhor dizendo, determina nossa vida. Da política sai o conjunto de regras que vai nos reger e aquele “cara que me ajudou e eu votei nele” vai decidir questões muito sérias. Alguém aí sabe disso? Alguém chegou a alguma conclusão? Poucos. Talvez se debatêssemos mais e déssemos menos importância às futilidades da vida, ou as reclamações desta, nossa massa se tornaria um povo.

Nenhum comentário: