quinta-feira, 13 de novembro de 2008

¼ Cheio de barulho

Por Caroline Grechi

“Meu filho, por favor, abaixa esse som!! não consigo nem ouvir meu pensamento!”. Sim, pelo menos uma vez na sua adolescente vida musical você deve ter ouvido sua mãe delicadamente gritar alguma coisa parecida.

Pobres pais, não percebem que são desprovidos da capacidade de ser invadidos pela canção, quanto mais alto for o volume. Você sente a música fluindo dentro do seu corpo, como se fizesse parte daqueles montes de artérias e veias que aparecem nos livros de biologia (que estão perdidos em algum lugar do quarto a mais ou menos três meses).

A teoria adolescente de que quanto mais alto o som propagado maior o efeito de alegria proporcionado pelo mesmo, infelizmente não é bem recebida pelos habitantes do mundo exterior ao seu, ou seja, quem está nos outros cômodos da casa.

A música ajuda as pessoas a se concentrarem mais naquilo que estão fazendo, e a fazer com mais alegria! Pelo menos com você é assim, se a sua irmã não tem a capacidade de escrever uma mensagem de texto no celular ouvindo a voz retumbante do Humberto Gessinger se espalhando pela casa...

Fazer o quê, você é simplesmente mais inteligente do que ela, que mistura as coisas que ouve com o que estava escrevendo e depois vem brigar com você porque mandou um “pra ser sincero não espero de você, mais do que educação, beijo sem paixão...” pro namorado, e agora o guri ta perguntando se ela quer dar um tempo.

A música é o alimento da alma. Onde foi que você leu isso mesmo? Talvez em alguma frase de MSN... Mas enfim, quem escreveu isso tem total razão, sem música o mundo ficaria sem graça. A única maneira de você aceitar que o seu melhor amigo ouça funk no mp3 (!!) é imaginar que aquele barulho ritmado faz com que ele se sinta tão feliz quanto você, ao ouvir Engenheiros.
Isso é uma verdade absoluta, a única forma de não desvalorizar os outros estilos musicais é imaginar que sempre tem alguém que ficará feliz ao ouvir o tão excêntrico som pelo qual você não demonstra o mínimo interesse.

Uma boa maneira de se integrar ainda mais com a música é passando você mesmo a fazê-la! Siimm! Compre um violão (guitarra seria demais para os tímpanos da sua família, pelo menos por enquanto) e passe a perceber a música com outros olhos (ou ouvidos no caso).
Aprender a tocar violão sozinho não é tão difícil, nada que umas idas ao “
Cifra Club” e um mínimo de força de vontade não resolvam. Ok, se você tiver alguns amigos que possam dar certas dicas, melhor ainda.

Só trate de deixar a cacofonia do seu aprendizado para você mesmo, não esqueça, você está aprendendo! Não vá levar o violão pra escola ou faculdade e pagar o mico do século...
Enfim você terá uma coisa a mais para distrair as idéias, uma coisa a mais ocupando espaço no quarto e um motivo a mais para ouvir reclamações dos seres do mundo exterior, dizendo que não conseguem compreender como você habita em ¼ ainda mais cheio de barulho.

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